20/08/2007

Jornal República - Uma atriz entre o bem e o mal

Alessandra Negrini: Uma atriz entre o bem e o mal
Editoria: Cinema e TV

Aos 36 anos, Alessandra Negrini vive seu auge na TV ao interpretar, em dobro, o papel de protagonista
ANDREZZA CAPANEMA
Daniel (Fábio Assunção) divide cama, mesa e banho com Paula (Alessandra Negrini) em Paraíso Tropical, da Globo. O que o mocinho não pode imaginar é que, na verdade, vem dormindo com a inimiga Taís (Alessandra Negrini também).Nos próximos capítulos da novela das nove, Paula vai virar Taís. Ficou confuso? Você não é o único. Alessandra diz que as gêmeas confundem em cena e nas ruas. 'A pergunta (do público) é sempre a mesma: 'você é a Paula ou a Taís?'', conta, em entrevista exclusiva ao JT.

Daniel confundir a mulher com a cunhada é artimanha dos autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares, mas parte dos telespectadores não perceber que a artista que interpreta a gêmea boa é a mesma que dá vida à irmã má é mérito da atriz.O trabalho bem realizado alça a paulistana de 36 anos ao posto de estrela de primeiro time. Ao construir uma mocinha clássica, meio chata até, em sua estréia como protagonista, Alessandra se livrou do estereótipo de eterna Engraçadinha - personagem da minissérie homônima que lhe rendeu o título de símbolo sexual. E ao cravar uma vilã que transita entre a maldade pura e a malandragem baseada no jeitinho brasileiro, ela entra para a galeria de malvadas que contribuem para o sucesso da teledramaturgia.Ela afirma, porém, que ser Paula, ser Taís, ser mãe e ser mulher é mais difícil do que imaginava.

Viver uma protagonista em horário nobre é mais simples ou mais complicado do que você imaginava?
É uma tarefa que exige muita responsabilidade, disciplina, saúde e, acima de tudo, força. Aconteça o que acontecer, você tem de estar ali (no trabalho) todos os dias para contar aquela história da melhor forma. É muito difícil, mas muito bonito também.

Qual foi a inspiração para compor Paula?
Inspiração é algo meio misterioso, que nem sei explicar. Procurei em mim a menina que está cheia de desejo de viver um grande amor. Ela sabe amar, esse é o grande lance.

E Taís?
Taís é interessante porque, por trás da pose, está uma pessoa que busca se auto-afirmar o tempo todo. Ela é insegura, não sabe bem quem é e não se aprofunda em nada. Ela tem uma malandragem quase ingênua, é isso que a deu humanidade. Chega a ser engraçada.

É mais trabalhoso fazer a gêmea boa ou a má?
As duas. São muitas horas de trabalho, muito texto para decorar e energias diferentes para manipular.

Consegue se livrar das maldades de Taís quando sai de cena ou volta 'carregada' para casa?
Não tem isso (ficar com a energia da vilã) e nem tenho tempo para isso. Tenho que estar equilibrada para dar conta das duas e ainda cuidar dos meus filhos (Antônio, fruto da relação com Murilo Benício, e Bettina, filha da atriz e do músico Otto).

Qual foi a cena mais difícil que fez como Paula?
Várias. As cenas de separação do Daniel, das gêmeas contracenando, que são uma delícia em termos de interpretação, mas de difícil execução, dão um trabalho incrível. Aquela em que a Taís tentou matar a Paula, então, bateu recorde de dificuldade prática, com mar, com tempestade.

E como Taís?
Taís se passando por Paula é um desafio. É uma oportunidade maravilhosa para o ator trabalhar com as sutilezas, os detalhes e colocar a cabeça do público para brincar com ele num jogo de verdades e mentiras. É difícil, mas prazeroso.

O perfil de Paula não é unanimidade, parte dos telespectadores acha a personagem chata.
É natural, as mocinhas clássicas são assim. Mas não é isso que eu ouço nas ruas, as pessoas vibram com as gêmeas, falam da questão da diferença dentro da semelhança, (questionam) como podem ser tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Para mim, a vitória está nisso.

Gilberto Braga declarou que gosta mais de vê-la como Paula. E você?
O grande barato é fazer as duas.

Paula e Taís sofrem de um problema comum aos gêmeos da vida real: são confundidos. Já confundiu as duas? E o elenco?
Não, para quem está trabalhando não dá para confundir.

O que as pessoas dizem de Paula nas ruas? E de Taís?
A pergunta é sempre a mesma: 'você é a Paula ou a Taís?'

O que os seus filhos acham de ver a mãe em dose dupla na TV? Eles têm medo de Taís?
Minha filha ainda é bebê, e meu filho só tem 10 anos. Os dois são muito novos para acompanhar uma novela das oito. Eles assistem de vez em quando sem saber muito do que se trata, mais para estar na minha companhia.

Como concilia a rotina de mãe, mulher e profissional?
A gente se vira, faz o possível. Conversa com os filhos, dá carinho, procura mais a qualidade do que a quantidade, procura estar inteiro no pouco tempo que tem. Ajuda pensar que não é para sempre (que ficará fora de casa como atualmente), que logo (a novela) acaba e a vida volta ao normal.

A novela teve audiência abaixo da expectativa no início. Por que a trama demorou para decolar?
Cada obra tem o seu percurso, acredito mais nas coisas que precisam se fazer conhecer primeiro para serem desejadas e amadas. Se não for assim, desconfio.

O assédio do público e da imprensa aumentou por conta da primeira protagonista na TV?
Eu amo o contato com o público, isso me preenche, me devolve o afeto e a energia que invisto no trabalho. É como se fosse o aplauso no teatro e é sempre respeitoso e carinhoso. Já a imprensa, existem aqueles (jornalistas) que fazem um trabalho sério, bacana. A esses agradeço o espaço e a chance que me dão de me expressar. Mas, infelizmente, como tudo na vida, têm aqueles que estão lá (nos veículos) para consumir você da forma mais terrível que existe, destrutiva mesmo.

Como lida com isso?
O que há de se fazer? Ficar forte e acreditar que a minha vocação é maior que tudo isso, é um dom e, por isso, resisto e continuo a mostrar a minha arte para o País que amo. O resto, que se dane.

Um comentário:

Anônimo disse...

alessanda negrinni é muito linda e talentosa!!

para descrevela basta apenas uma palavra: PERFEIÇÃO!

bjsSsSs!!!