20/08/2007

Revista Quem -

Me adequar ñ é meu objetivo de vida"

Em Paraíso Tropical, ela vive as gêmeas Paula e Taís. Nesta entrevista, a atriz Alessandra Negrini fala sobre sua fama de difícil, a jornada dupla de trabalho, beleza e vaidade, casamento e filhos
POR CARLA GHERMANDI

Alessandra Negrini diz que se acha bonita 'o suficiente para encarar o mundo'
Alessandra Negrini, 36 anos, não é o tipo de pessoa que engata um diálogo com um jornalista com um sorriso no rosto e de forma descontraída. Pelo menos, não no primeiro contato. Visivelmente desconfiada, a atriz quer saber o que vai ser conversado e que tipo de fotos a revista vai usar. Depois de se assegurar de que não vai aparecer 'brega' e nenhuma de suas declarações será 'sensacio-nalizada', ela concorda com a entrevista (a ser realizada por e-mail, dias depois das fotos). Aí, sim, abre um sorriso e, educadamente, dá sua versão para a dificuldade em atender com calma os veículos de comunicação que a procuram. 'Gravo muito, só terei tempo livre mesmo em novembro', diz Alessandra, referindo-se ao mês em que não estará mais em cena em Paraíso Tropical, novela que marca sua estréia como protagonista do horário nobre da TV. Na trama de Gilberto Braga, a atriz vive duas personagens, as gêmeas antagônicas Paula e Taís. Mesmo com a intensa rotina imposta pela dupla jornada profissional, Alessandra garante que não deixa de dar atenção ao marido, o músico Otto, com quem está casada há quase cinco anos, e aos filhos, Antônio, de 10 anos, de seu casamento com o ator Murilo Benício, e Betina, de 3, fruto de sua atual relação.

QUEM: Com o duplo trabalho na novela, como fica a vida pessoal?
ALESSANDRA NEGRINI: Minha vida tem sido a novela. O pouco tempo que sobra é para os filhos e para o Otto. Mas isso não vai ser para sempre. Daqui a seis meses, acaba. A vida é assim, você tem que saber aproveitar o que há de melhor naquele momento. É um desafio.

QUEM: Mesmo nesta época de intensa dedicação profissional, o que não deixa de fazer com seus filhos?
AN: Não deixo de dar cheiro, abraço e beijo. E de dizer que os amo.

QUEM: O que você prioriza na educação de Antônio e Betina?
AN: A alegria, o prazer de estar vivo e o respeito ao próximo.

QUEM: Você tem bom relacionamento com Murilo Benício, pai de Antônio?
AN: Temos um relacionamento respeitoso.

QUEM: Você disse em entrevista que Antônio não assistia à TV e sua casa não tinha televisão. Não é antipático trabalhar em TV e dizer isso?
AN: Isso não é verdade. Sempre tive televisão em casa. Nós assistimos, é claro. Mas com inteligência, senso crítico e com moderação em relação às crianças.

QUEM: Você e Otto estão juntos há quase cinco anos. Como driblam a rotina?
AN: Não há rotina. Aliás, é justamente dela que estamos sentindo falta. A rotina pode ser um grande barato. Porque, no fundo, todo mundo está em transformação o tempo todo, e ter o outro como testemunha disso é o interessante do casamento. 'Sou vaidosa, mas não gosto quando a vaidade me impede de relaxar.'

QUEM: Você tem fama de ter um temperamento difícil. Assume-se assim?
AN: Não sei do que você está falando. Simplesmente procuro exercitar o pensamento e isso talvez traga algumas dificuldades. Mas vale a pena.

QUEM: Susana Vieira disse que você é 'inadequada' e você considerou a afirmativa um elogio. Em que sentido você é inadequada?
AN: Minimamente adequado todo mundo tem que ser, senão vai para o hospício, é louco. Porém, definitivamente, me adequar não é o meu objetivo de vida, porque isso também seria coisa de doido. A única coisa que quero é poder alçar os meus próprios vôos.

QUEM: Há alguns anos, você declarou que 'não fazia festinha em fã'. Como é sua relação com o público na rua? AN: Isso também não é verdade. Eu faço festinha em fã, sim, e adoro o retorno do público na rua, pois é o que me alimenta. No teatro, a gente tem o aplauso. Na televisão, não. Faz falta.

QUEM: Desde a sua estréia na TV, em Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados, em 1995, seu talento esteve atrelado a sua sensualidade. O que considera sensual em você?
AN: A minha espontaneidade.

QUEM: Você posou nua em 2000. Faria de novo?
AN: Agora não. Fui convidada, mas não tenho vontade. Fiz um ensaio tão bacana da outra vez que não vejo razão para repetir.

QUEM: Você se acha sexy?
AN: Acho essa palavra engraçada, meio anos 80, não sei... Para mim, soa meio antigo querer ser sexy.

QUEM: E você se considera bonita?
AN: Eu diria que o suficiente para encarar o mundo.

QUEM: Você é vaidosa?
AN: Sou vaidosa, mas não gosto quando a vaidade me atrapalha ou me impede de relaxar. Às vezes, tem que se fazer um esforço, um exercício espiritual para poder ser gente e não ser castrada pela cobrança com a beleza. Não é mole, não. Mas é possível.

QUEM: Que características você tem de suas duas atuais personagens?
AN: Sou as duas e não sou nenhuma.

QUEM: Como você interpreta as duas?
AN: Procuro fazer de dentro para fora. A Taís é mais tensa nos gestos e no olhar, é mais construída. Já a Paula é mais natural e desarmada. Sinto cada uma de uma forma diferente, são energias e ritmos diferentes. A Paula me acalma, a Taís me deixa mais agitada, e a própria cena me conduz.

QUEM: Você declarou que a Paula se entrega ao amor e que a Taís se defende do mundo. Nesse aspecto, com qual das duas você se identifica?
AN: Com a do amor, é claro.

QUEM: Nas primeiras semanas de exibição, Paraíso Tropical não teve índices de audiência tão bons quanto as últimas novelas do horário. Como protagonista da história, isso chegou a preocupar você?
AN: Não é um assunto que me diz respeito diretamente. Há muitas condicionantes. Sempre acreditei muito na novela e faço meu trabalho com dedicação e amor. O resto não está ao meu alcance.

QUEM: Já houve rumores de que o romance de uma de suas personagens com o do ator Fábio Assunção, o Daniel, teria extrapolado para a vida real e vocês estariam tendo um relacionamento secreto. De onde acha que surge esse tipo de informação?
AN: Isso é ridículo. É invenção para vender revista.

QUEM: Você acha Fábio um homem atraente?
AN: Essa pergunta é 'forçação'.

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