19/08/2007

Revista Contigo! - Furacão Negrini

Ela não pára. Ocupadcom o músico Otto, com quem quer íssima, a atriz administra o papel de gêmeas em Paraíso Tropical, as tarefas de mãe e a relação de cinco anos se casar.

Ela não quer retocar a maquiagem. O vento sopra e os fios de seus cabelos negros lhe atravessam o rosto. Nem um batonzinho. Vai ser uma correria. Entramos na velocidade de cruzeiro da atriz Alessandra Negrini, 36 anos, que não deixa tempo para muito fôlego. Sua vida profissional está assim. Sua vida familiar está assim. Mas ela planejou muito bem este momento. De volta à praia, a atriz pensa em vestir uma minissaia, mas volta atrás: "Quero ficar confortável para poder me movimentar", diz, às 17h, em pleno sol de fim de tarde no Leme, local do ensaio para Contigo!. "Acho que a cor está me caindo bem", diz sobre o vermelho-paixão da blusa listrada e decotada que escolheu. Alessandra caminha à vontade pela areia. Aproxima-se do mar. Concentrada, quase não fala. É assim que mergulha em suas duas personagens na novela Paraíso Tropical, a vilã Taís e a mocinha Paula, e é assim que posa para as fotos que você está vendo. Um sorriso, uma mordida sexy no lábio inferior, mais um clique... Alessandra tem um pique só seu. Já faz 12 anos que ela encarnou a sexy Engraçadinha, na minissérie baseada em obra de Nelson Rodrigues, e cinco que participou de uma novela completa, Desejos de Mulher, portanto sua dedicação ao novo trabalho é integral. E lá vem ela fuçar no visor da câmera para ver como está nas fotos, enquanto toma um cafezinho. Assim é o Furacão Negrini, cada segundo de vida preenchido. Fim de tarde, encerramos a sessão e a atriz retorna para sua casa, no Leblon, para encontrar o marido, o músico pernambucano Otto, 38, com quem vive desde 2002, e os filhos, Bettina, 2, sua caçula com o cantor, e Antônio, 10, do relacionamento com o ator Murilo Benício, 35.

A seguir, confira entrevista com a atriz:
Você se acha mais sensual hoje do que no início da carreira?
Ser sensual para mim é estar viva. Mas me acho melhor hoje, sim. Eu e meu corpo passamos a nos entender e chegamos a um acordo. Usufruo melhor de mim mesma.

Como assim?
Tenho disciplina na alimentação, mas sem abrir mão do prazer. Tenho bom senso. Gosto de malhar, mas gravando a novela não dá. Uso cremes para dormir- vitamina C, principalmente- e protetor solar de dia. E também faço drenagem linfática, que é ótimo!

Depois dos 30, você acha que teve de se esforçar mais para se manter bonita?
Acho que a mulher aos 30 pode ser mais feliz porque o corpo ainda está bacana e a cabeça, melhor ainda. No mínimo, a mulher sabe mais de si própria. E, se ela não for boba, saberá usar a vaidade para obter prazer, e não poder.

Dá para ser boa mulher, boa dona-decasa e boa mãe nesse seu pique de trabalho?
tenho tempo de fazer mais nada, nem ginástica. Só tenho folga aos domingos e aí só quero descansar e curtir meus filhos e meu marido. Mas, antes de começar a novela, dediquei um tempo para organizar a casa, para que tudo pudesse dar certo.

Tenho uma boa babá, uma ótima cozinheira e agora também uma secretária. Tem dado certo. Não quero ser uma boa nada. Ser mãe, mulher e atriz... Fazer tudo isso com amor e verdade já é o suficiente.

Até que ponto voltar à TV é uma delícia e quando fica desgastante?
Eu estava com saudade de fazer novelas. Dei um tempo para fazer teatro e cinema e também tive minha filha... Foi um longo período que valeu a pena, mas estava na hora de voltar. Gosto muito de televisão.

Você estava pronta para voltar como protagonista e em dose dupla?
Artisticamente é um desafio maravilhoso, gosto de dar vida ao que está escrito ali. A novela é boa e isso dá força para encarar a jornada dupla. Mas não é fácil, não. Há horas em que acho que não vou agüentar. Preciso ter disciplina e fortalecer o espírito o tempo todo, senão minha energia vai toda embora. Sou muito exigente comigo mesma.

O excesso de trabalho mexe com seu humor?
Sem dúvida. Mas é nesse momento que procuro conhecer a minha força, ser resistente e amorosa comigo mesma.

É verdade que você é uma pessoa difícil de lidar nos bastidores?
Difícil? Não, muito pelo contrário. Eu me interesso muito pelo convívio humano, adoro o trabalho em equipe, acho as pessoas fascinantes, gosto de observar, sou boa ouvinte... Só não tenho paciência nem talento para agüentar por muito tempo a superficialidade do jogo social. A normalidade me atrai só como ponto de partida. Se ficar só nisso, me desinteresso. Procuro detectar a peculiaridade, o que faz cada um ser a figura única que é e que tenta disfarçar.

E qual das duas personagens tem mais a ver com você, a boa ou a má?
Elas são como filhas: amo as duas e me identifico com ambas, principalmente com o embate entre elas. Romantismo versus realismo, amor versus egoísmo, bem versus mal. Todos nós somos constituídos por esses embates e vamos fazendo nossas opções.

Os críticos dizem que você faz melhor a vilã. O que você acha?
Não sei responder a isso. A mocinha é sempre mais difícil, é vítima. A vilã conduz a ação, é mais fácil. Mas, em compensação, me sinto preenchida quando faço uma cena emotiva de Paula.

Qual o segredo para conciliar a vida pessoal e a profissional neste período?
Aproveitar o pouco tempo que se tem para fortalecer a cumplicidade. Estou falando de marido e filhos também. Tem de saber que daqui a seis meses a vida volta ao normal.

E os planos de se casar com Otto ainda permanecem?
Sim, já compramos o sítio onde pretendemos fazer isso. Não acho necessariamente importante, mas adoro festejar. Ah, disso eu gosto! Mas vai ser uma coisa só nossa...

O que significa casar para você? É mais um voto de amor?
Voto de amor? Acho isso meio careta. A gente ama e pronto.

Vocês continuam apaixonados mesmo? A relação não muda com o tempo?
Sim, somos apaixonados, companheiros e admiradores um do outro. Mas perceber as mudanças e afirmá-las é o grande barato do casamento. Acho que uma coisa só é viva quando está em movimento. Às vezes, olho para Otto e penso: "Que pessoa é essa?!?" Isso, para mim, se chama paixão.

E ainda pensam em ter mais filhos? Não, fechei a fábrica. Mas adotar, talvez. Ser mãe é muito bom, eu me sentiria incompleta se não fosse.

Ele assiste à novela e fica com ciúme de suas cenas mais quentes com Marcello Antony e Fábio Assunção?
Eventualmente, assiste, sim. Mas não é ciumento, não. Eu também não sou!

Fábio Assunção já afirmou que existe uma grande química entre vocês...
Eu e Fábio somos amigos há anos e não existe "química" entre nós. Existe, sim, mas em cena. E isso só é possível quando os atores se entregam à verdade de seus personagens e à verdade própria do momento em que o diretor diz "gravando". O resto é fantasia na cabeça do público. E nós somos isso: criadores de fantasias.

Falta alguma coisa para completar sua felicidade?
Sim e não, sim e não... A vida é movimento.

Projetos para depois da novela?
Férias!

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